sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Foi um beneditino que inventou os nomes das notas musicais




O monge beneditino Guido d’Arezzo, que viveu na Itália do século XI, era um apaixonado pela música, a cujo estudo dedicava uma parcela considerável de seu tempo. Observou ele que uma perfeita escala ascendente era formada por seis notas correspondentes às primeiras sílabas de cada estrofe do seguinte hino a São João Batista:






Utqueant laxis / Purificai, bem-aventurado


Resonare fibris / João, os nossos lábios


Mira gestorum/ polutos para podermos


Famuli tuorum / cantar dignamente


Solve polluti / as maravilhas que o


Labii reatum / Senhor fez em ti.



Esse hino costumava ser entoado pelos coros de meninos, pedindo a proteção para suas cordas vocais. Assim, Guido deu às notas os nomes: UT - RÉ - MI - FÁ - SOL - LÁ, acrescentando
posteriormente, para completar a escala, o SI proveniente das primeiras letras de Sancte Ioanne (São João). O DÓ substituiria as iniciais UT, algum tempo depois, pela dificuldade em serem pronunciadas no solfejo.









O mérito do monge não se limitou somente à criação da escala musical. Entre as novidades
trazidas pelas dezenas de obras que escreveu, Guido regulou o sistema de linhas e pontos para a escritura de melodias, até então fragmentário e imperfeito, o que multiplicou por dez a velocidade da aprendizagem musical.





Sua fama se estendeu por toda a Cristandade, mas inimigos invejosos tentaram difamar seu nome e sua obra. O Papa da época, João XIX, quis receber explicações a respeito e convocou
o religioso a Roma. Guido se deslocou tranqüilamente até a Cidade Eterna acompanhado de seu abade e demonstrou à Sua Santidade as múltiplas vantagens do novo método, que permitia ler a música, evitando assim a necessidade de memorizá-la. Alegrou-se muito o Sumo Pontífice com isso, tendo recebido como presente, especialmente elaborado para a ocasião, um antifonário escrito na depurada e inovadora notação “guidoniana”.

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